Nos últimos anos assistiu-se a um aumento das alterações nos padrões de mobilidade, resultado da intensificação das taxas de motorização, originando, nas áreas com maiores aglomerados urbanos, uma degradação progressiva da qualidade de vida das populações.
O mote de que a qualidade de vida passava pela facilidade de deslocação em automóvel, pela rapidez e facilidade de chegada aos destinos, rapidamente originou o caos ao nível da mobilidade nos grandes centros urbanos. O congestionamento de tráfego e a poluição atmosférica e sonora são alguns dos problemas originados pelo aumento progressivo de veículos automóveis nas vilas e cidades, os quais causam stresse, problemas de saúde, entre outros, resultando na consequente diminuição da qualidade de vida nos centros urbanos.
Adicionalmente é sabido que as densidades de ocupação urbana têm um papel determinante no padrão das deslocações e na necessidade de realizar viagens. Densidades de ocupação mais elevadas podem contribuir para tornar o transporte público mais viável e podem incentivar deslocações mais curtas e, portanto, uma maior utilização dos modos suaves (IMTT, 2011).
Por outro lado, baixas densidades de ocupação, muitas vezes em territórios onde o crescimento urbano se deu de forma linear, muito baseado no traçado dos eixos rodoviários, dificultam a conceção e estruturação de uma oferta de transportes coletivos capaz de satisfazer as necessidades das populações.
Não menos relevante, no que concerne às opções de mobilidade tomadas pelos cidadãos mas também pelas políticas a desenvolver pelos decisores, é o facto da atual conjuntura económica nacional e internacional, por vezes com aumentos sucessivos dos preços dos combustíveis, orientar para a tomada de novas opções na estratégia de gestão da mobilidade, promovendo “novas” formas de mobilidade, tendencialmente mais sustentáveis.
Assim, surgiram consciencializações para o estabelecimento de uma nova cultura de mobilidade nas vilas e cidades, com a introdução de padrões de mobilidade sustentável, onde os modos suaves de deslocação se estabelecem como prioritários.
No seguimento destas novas tendências nacionais e internacionais, entende-se que o Plano de Mobilidade e Transportes se consubstancia como um documento estratégico e operacional que serve de instrumento de atuação e sensibilização, que fomente a articulação entre os diferentes modos de transporte visando a implementação de um sistema integrado de mobilidade de uma forma racional, que permita diminuir o uso do transporte individual e, simultaneamente, garanta a adequada mobilidade das populações, promova a inclusão social, a competitividade, a qualidade de vida urbana e a preservação do património histórico, edificado e ambiental. Um Plano de Mobilidade e Transportes oferece uma visão holística do que se pretende para a mobilidade de um município no prazo de 10 anos, sendo que a principal vantagem da sua realização é a existência de uma visão coerente, integrada e de longo prazo para o território, tendo igualmente preocupações com o planeamento urbanístico e uso do solo. Realmente, a não planificação e organização do espaço público e dos elementos urbanos associados poderá levar à criação de lugares não pensados e não desejados.