No exercício de definição de Cenários de Futuro para o presente PMT, há que ter em consideração, determinadas condicionantes, que para uma correta abordagem, deverão ser integradas no processo de concretização do plano de ação e tidas em linha de conta, por exemplo, para a construção das matrizes de viagens futuras.

O PMT deverá ter como referencial o ano limite do próximo Quadro Comunitário de Apoio, que termina em 2020, procurando de igual forma, respeitar as principais linhas de orientação, que presidem à realização de um plano desta natureza. Foi assumido que este documento deverá considerar um período de vigência de 10 anos.

Nesse sentido, o horizonte temporal foi estabelecido de modo a ser possível avaliar os resultados no curto, médio e longo prazo, tendo sido considerados os seguintes anos de referência:

  • 2015: Ano base, que corresponde ao ano de referência da situação atual;
  • 2020: Ano que traduz o referencial de médio prazo;
  • 2025: Ano para o qual se admite que estejam já implementadas as medidas de longo prazo.

Crê-se que as condicionantes sociodemográficas sejam aquelas que maior peso terão na evolução dos padrões de mobilidade em Faro. Para projetar a evolução da população neste município, foi utilizada como informação de base os resultados do exercício de “projeções de população residente 2012-2060”, para Portugal e regiões NUTS II. Este foi realizado pelo INE e tem por base as estimativas provisórias anuais de população residente em Portugal, bem como um conjunto de pressupostos demográficos sobre fecundidade, mortalidade e migrações internacionais.

As projeções populacionais do INE são realizadas apenas para as NUTS II e, como tal, foi necessário proceder à repartição da população por concelho. Para tal, assumiu-se que a população em cada município evoluirá segundo a taxa de crescimento verificada entre 2001 e 2011, garantindo que, em cada ano, o total da população da NUT II do Algarve, coincide com a projeção do INE para o mesmo ano.

Como se verifica no Gráfico 1, ao considerarem-se os cenários baixo, central e alto, verificam-se comportamentos distintos para a evolução da população residente na AMAL. Tendo por base o ano de 2011 (com 451 006 residentes), o Cenário Baixo (redução de 7% do número de residentes, para 419 766 em 2025), Central (redução de 2% do número de residentes, para 440 685 em 2025) e Alto (redução de cerca de 1% do número de residentes para 446 453 em 2025), apresentam todos uma tendência decrescente.

Grafico 1

Gráfico 1 | Projeções de evolução da população na região do Algarve nos cenários de evolução considerados pelo INE.

Enquanto o primeiro apresenta uma tendência decrescente acentuada e gradual até ao último ano em análise, os dois últimos apresentam uma tendência respetivamente, positiva e de estagnação do número de residentes, a partir do ano de 2019 (Tabela 1).

Ano Cenário Baixo Cenário Central Cenário Alto
2001 13,6% 13,6% 13,6%
2011 12,4% 12,4% 12,4%
2012 -1,5% -1,5% -1,5%
2013 -0,4% -0,3% -0,2%
2014 -0,4% -0,2% -0,1%
2015 -0,4% -0,1% -0,1%
2016 -0,4% -0,1% 0,0%
2017 -0,4% -0,1% 0,0%
2018 -0,4% -0,1% 0,0%
2019 -0,4% 0,0% 0,1%
2020 -0,5% 0,0% 0,1%
2021 -0,5% 0,0% 0,1%
2022 -0,5% 0,0% 0,1%
2023 -0,5% 0,0% 0,1%
2024 -0,5% 0,0% 0,2%
2025 -0,5% 0,0% 0,2%

Tabela 1 | Evolução da população residente na AMAL entre 2001 e 2025. Fonte: INE, Projeções de população residente 2012-2060.

Uma vez que o Cenário Central apresenta a tendência mais moderada, considerada também a mais adequada à realidade e com maior probabilidade de se concretizar, optou-se por reter este, como o cenário base de estudo.

Tendo em consideração esta premissa, é demonstrado, no Gráfico 2 e na Tabela 2, a evolução da população residente no município de Faro. Como se pode verificar, o gráfico reflete uma diminuição ligeiramente mais acentuada entre 2011 e 2012 com uma redução de 11,59% sendo que a partir deste ultimo ano as projeções apontam para uma diminuição mais ligeira quase de estagnação da população. Apesar de não muito expressiva, a partir de 2020 a tendência da população é aumentar.

Grafico 2

Gráfico 2 | Projeções de evolução da população para o município de Faro, no cenário central. Fonte: INE, Projeções de população residente 2012-2060.

Ano Cenário Baixo
2001 12,56%
2011 10,08%
2012 -1,51%
2013 -0,27%
2014 -0,20%
2015 -0,14%
2016 -0,10%
2017 -0,08%
2018 -0,06%
2019 -0,04%
2020 -0,03%
2021 -0,02%
2022 0,00%
2023 0,01%
2024 0,07%
2025 0,00%

Tabela 2 | Evolução da população residente na AMAL entre 2001 e 2025. Fonte: INE, Projeções de população residente 2012-2060.

A evolução sociodemográfica que se projeta para o município de Faro tem consequências ao nível da alteração dos padrões de mobilidade, já que associado à diminuição do efetivo populacional, ou ao seu envelhecimento, se verifica como consequência, a redução do volume de movimentos pendulares realizados pelos residentes.

Com efeito, a redução da importância dos movimentos pendulares, já tinha sido identificada na fase de caracterização e diagnóstico, na qual foi salientada a redução significativa dos movimentos descritos nos últimos dois momentos censitários.

A Tabela 3 apresenta a análise da variação dos movimentos pendulares em Faro, no período compreendido entre 2001 e 2025, sendo possível, com base na projeção efetuada, depreender uma diminuição do número de residentes a efetuar esta tipologia de deslocações entre 2011 e 2020 (dando-se porém, uma ligeira recuperação no ano de 2025).

Na ausência de informação mais precisa e fiável para projetar a evolução das dinâmicas de mobilidade neste território, admitir-se-á esta relação na projeção dos movimentos pendulares futuros entre 2011 e 2025, ano a partir do qual, se admite que a evolução dos movimentos pendulares é diretamente proporcional à evolução da população, num contexto do Cenário Central.

Ano Número de movimentos pendulares
2001 36 159
2011 37 484
2015 36 707
2020 36 592
2025 36 618

Tabela 3 | Projeções de evolução dos movimentos pendulares para o concelho de Faro, considerando o cenário de evolução central. Fonte: INE, Projeções de população residente 2012-2060.

Com base nas projeções para a população residente para Faro, segundo o INE (Projeções de população residente 2012-2060), é possível assumir que tanto a perda de população residente, como a parca evolução do efetivo populacional (à qual continuam associadas todas as problemáticas referentes ao envelhecimento da população), terão reflexos nos padrões de mobilidade dos residentes. Deste modo, é expectável que num futuro próximo se continuem a manifestar sérios desafios à organização dos sistemas de transporte (sobretudo para o transporte coletivo), uma vez que esta será uma solução cada vez menos competitiva e eficiente, se continuar a ser praticada nos atuais moldes.

Contudo, é importante realçar que o universo de deslocações sob análise, constitui apenas uma fração do número geral de deslocações que ocorrem em Faro, pois é apenas considerada o total das deslocações que ocorrem por motivos de trabalho e/ou estudo, sendo portanto, ignoradas todas as deslocações que não ocorrem segundo estes motivos, tais como as deslocações por motivos de lazer.